segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A minha versão da história.


É do conhecimento de todos que, as pessoas que prezam a boa convivência, nunca devem se envolver em discussões sobre religião, aborto, eutanásia entre outros assuntos polêmicos. Diz o código do bem relacionado que frente a discussões assim é correto balançar a cabeça e responder tudo com: 'eu respeito muito sua opinião.' De fato, a maturidade me trouxe a consciência de que respeitar é sempre a melhor saída. Claro que isso não me impede de imaginar como seria gostoso esfregar a cara de algumas pessoas que adoram argumentar com: 'Deus não permite esse tipo de atitude.' em uma parede chapiscada, mas não digo nada.
O fato é que, depois de me envolver em várias discussões sobre religião, aprendi duas coisas: Fugir loucamente dessas discussões e fazer muito esforço para respeitar o coleguinha religioso. Isso pelo simples motivo que, pra mim nada os define melhor do que burrice. Na minha cabeça, todos aqueles argumentos sobre o por que de não cortar os cabelos, de não usar camisinha, de casar virgem, de não beber, de dar todo seu dinheiro ao pastor sendo que nem geladeira você tem, se resumem sempre em ignorância, desespero, pouca personalidade, necessidade de pertencer, espírito pobre e pouca capacidade de reflexão.
Outro dia,  conversando com uma conhecida na porta de casa, ela me disse que estava à espera do marido. Eu, certa de que o único meio de transporte do casal é uma moto, questionei-a sobre a saia que usava e como seria desconfortável andar de moto vestida dessa forma, ela sorriu e declamou:  "Não haverá traje de homem na mulher, e nem vestirá o homem roupa de mulher; porque, qualquer que faz isto, abominação é ao SENHOR teu Deus". Eu congelei. Que loucura, que lavagem cerebral, que medo, que porra é essa? Fui pra casa pensando como é possível uma pessoa abrir a boca para louvar um Deus de amor, um Deus de piedade, de igualdade, de solidariedade e para honrá-lo ela simplesmente... não usa calça. É tão raso... É isso que o seu Deus espera de você? Que você se espatife no chão feito uma abóbora por que estava andando de ladinho na moto? É engraçado ver como algumas pessoas são capazes de interepretar Deus como algo tão  fútil ...
E o tal do casar virgem? Essa outra regra sem sentido acaba por obrigar que os jovens, com testoterona até os ouvidos, se casem com 15, 16, 17 anos, movidos obviamente pelo fogo incontrolável da furnicação. Assim, felizes e saltitantes eles vão morar numa casinha nos fundos da casa dos pais, sem trabalho, sem dinheiro, sem completar os estudos, sem dignidade, mas transando loucamente. As pessoas me chingam e dizem: pára de ser implicante Aissa, ele estão felizes. Como felizes? Eu tenho certeza que até o mais medíocre dos seres humanos tem sonhos, tem sede de liberdade, tem vontade de dar à sua vida o rumo que bem entender, anseia viver sob suas própria regras e tem vontade de casar quando e pelos motivos que quiser. Eu tenho a impressão que esses jovens que geralmente nascem em berços religiosos demais têm a religião empurrada guela abaixo e crescem assim, sem opção de escolha e submissos à um estilo de vida abarrotado de regras banais e que reprime qualquer traço de personalidade e individualização.
Certa vez uma colega me disse: ' ah, é uma pena, mas depois que eu fizer minha tatuagem, vou ter que sair do grupo de dança da igreja.' Eu, provavelmente assim como você estimado leitor, não vi relação nenhuma entre a tatuagem e a dança e a questionei sobre o motivo, ela então revelou: 'ah, meu pastor disse que ninguém é obrigado a ver uma pessoa de tatuagem louvando a Deus, que seria muita falta de respeito.' 
Eu tenho certeza que no momento em que ele condenou as pessoas que têm tatuagem como indignas de Deus, ele não se lembrou de como foi bonito encher a boca pra falar no domingo passado sobre igualdade, compaixão e amor ao próximo... E no final, sexo é que é pecado.

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